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Desafios na imunização de adolescentes

Um estudo recente nos Estados Unidos realizado com adolescentes, pais e profissionais da saúde, revelou que, embora a maioria dos jovens e famílias acreditem que a vacinação é importante, as taxas de cobertura vacinal para essa faixa etária ainda permanecem muito abaixo das metas nacionais e internacionais. Mas por que isso acontece?

Alguns dados:

– cerca de 23% dos adolescentes e seus pais acreditam que as vacinas são importantes para crianças, mas não para jovens;

– mais de 1/3 dos adolescentes não sabe como a imunização pode melhorar sua qualidade de vida;

– 41% dos pais acreditam que seus filhos adolescentes precisam ir à uma consulta médica apenas quando estiverem doentes;

– embora a maioria (92%) dos adolescentes confie nos médicos como fonte de informação a respeito da saúde, 47% deles afirmam não gostar de conversar com eles ou com outros profissionais da saúde;

– enquanto 57% dos pais e jovens demonstram preocupações em relação à segurança dos imunobiológicos, apenas 44% dos médicos alertam seus pacientes sobre vacinas não administradas ou atrasadas;

O porquê dessas discrepâncias ainda permanecerem, são discutidas em uma publicação da United for Adolescent Vaccination (UNITY ). Neste relatório, os autores revisam o início e a evolução das recomendações de vacinas para adolescentes desde os anos 1990.

O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estabeleceu um marco histórico em 1996, ao recomendar um esquema de imunização para adolescentes (de 11 e 12 anos). Apesar deste progresso científico, as taxas de cobertura vacinal permanecem muito baixas.

O relatório de 2015, realizado com jovens de 13 à 17 anos nos EUA, demonstrou taxas de coberturas próximas de 80% para vacinas de dose única, mas taxas abaixo de 40% para aquelas com doses múltiplas e reforços.

Para melhorar o acesso às recomendações, o Advisory Committee on Immunizations Practices (ACIP) incluiu no calendário, uma coluna aos 16 anos para ressaltar a indicação de reforço da vacina MenACWY, além de oferecer outra oportunidade de completar séries, aplicar vacinas em atraso e indicar esquema reduzido de 2 doses de vacina HPV para adolescentes abaixo dos 15 anos.

As alterações nas recomendações apresentarem resultados positivos, mas alguns pontos foram definidos como prioritários:

  1. a) Por que estamos perdendo oportunidades de vacinação em adolescentes?

Sabemos que menos de 50% dos médicos informam seus pacientes adolescentes sobre vacinas ausentes ou atrasadas durante consulta, ao contrário da abordagem realizada com crianças.

Nota-se também que jovens e pais ao procurarem atendimento médico, demonstram interesse específico às queixas clínicas, sem relatar interesse por aspectos preventivos: quando essa abordagem acontece, justificativas como falta de tempo, transporte, acesso a salas de vacinação, bem como a independência dos adolescentes, dividem os procedimentos de conclusão do processo de vacinação.

  1. b) Quão eficaz está sendo a comunicação aos pais e adolescentes?

Pais e adolescentes se preocupam mais com a segurança do que com a possibilidade da ocorrência de doenças. Assim, a população fica mais suscetível à desinformação e a temores equivocados.

Mesmo entre pais que não apresentam estas preocupações, a imunização enfrenta dificuldades. Uma delas é a prioridade. Estudos mostram que não tem ocorrido, de maneira significativa, a transformação de opiniões positivas dos pais sobre vacinas.

Entre os adolescentes, existe um envolvimento maior aos assuntos que melhorem a autoestima e aparência (cuidados odontológicos, com a pele ou alimentação) do que procedimentos preventivos (como imunizações), pois acreditam que isso seja responsabilidade de seus pais.

Observa-se que após os 16 anos, o comportamento em relação a consultas e procedimentos preventivos torna-se menos frequente. Existem obstáculos na infraestrutura e modelo de atendimento para os jovens que potencializam este distanciamento:

– ausência de especialistas;

– falta de treinamento de médicos generalistas e de clínicos;

– planos de saúde não contemplam atendimento preventivo.

Entre pais e adolescentes, outro problema é o entendimento de que existem vacinas “recomendadas” e “exigidas”. Assim, é essencial que ocorra uma atitude segura e assertiva do profissional da saúde, informando que o calendário de imunização do adolescente deve ser seguido em sua totalidade.

  1. c) Quais os mais importantes processos para vacinação de adolescentes?

Os obstáculos para integrar registros e dados sobre vacinação nos serviços de saúde, órgãos regulatórios e de controle epidemiológico, impossibilitam que os profissionais da saúde recomendem e efetivem a imunização dos adolescentes.

Os sistemas devem estar integrados não apenas no registro dos pacientes e vacinas, mas também no relato de efeitos adversos. Com a falta de um sistema integrado, o profissional recebe menos estímulo e informações para priorizar a orientação de imunizações.

Para promover a divulgação de ferramentas e diretrizes de boas práticas, a UNITY desenvolveu uma plataforma digital, que tem como objetivo consolidar os melhores resultados em prevenção da saúde e imunizações dos adolescentes.

Destaques para o êxito

Por fim, podemos listar alguns destaques para que ocorra êxito no processo de imunização de adolescentes, são esses:

– maximizar oportunidades de vacinação;

– treinamento de profissionais da saúde;

– estimular e divulgar casos de sucesso de vacinação nos setores público e privado; – aperfeiçoar o conhecimento dos profissionais sobre saúde do adolescente;

– interação entre programas e estratégias nos setores público e privado;

– informatização dos programas de imunização e desenvolvimento de novas ferramentas digitais;

– educação de adolescentes e pais para aumentar a relevância e prioridade das vacinas utilizando linguagem e comunicação apropriadas e próprias desta população.

Por fim, constatamos que a imunização para adolescentes deve ser mais difundida, tantos pelos médicos e profissionais da saúde, quanto pelos próprios pais. Isso porque essa faixa etária, assim como outras, está sujeita a infecção de vírus, como é o caso do HPV (doença que atinge muitos jovens, podendo causar câncer).

Se quiser saber mais sobre esse assunto, confira o post que preparamos sobre tudo o que você precisa saber sobre HPV.

Informações retiradas da revista SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações).

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