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Vacina contra o HPV é segura, diz pesquisador

A vacina contra o HPV que começou a ser aplicada em meninas de 11 a 13 anos no Brasil ainda gera dúvidas, mas o médico pesquisador Edison Fedrizzi, da UFSC, diz que a medicação tem tempo suficiente de acompanhamento como prevenção ao câncer e que protege contra quatro tipos de vírus do HPV.

Fedrizzi contribuiu junto a especialistas de outros 30 países no desenvolvimento da imunização e acredita que em um prazo de cinco anos o novo medicamento poderá ser produzido no Brasil.

Diário Catarinense — Para que serve a vacina contra HPV?
Edison Fedrizzi — Esta vacina é contra dois tipos de verrugas genitais e contra dois tipos de câncer de colo de útero — responsáveis por 70% dos casos de doença.

DC — Por que é importante se vacinar?
Fedrizzi — As verrugas genitais são consideradas a doença mais frequente no mundo inteiro e a vacina protege contra os vírus de HPV que mais causam colo de útero.

DC — Atualmente, quais os métodos de prevenção do câncer de colo de útero?
Fedrizzi — O que temos hoje é o exame Papanicolau, feito por ginecologistas. As desvantagens é que ele tem que ser feito periodicamente. No diagnóstico só aparece quando tem uma lesão pré-cancerígena. Já a vacina previne o que causa a lesão.

DC — Quem pode se vacinar?
Fedrizzi — Todas as mulheres deveriam ser vacinadas. Mesmo as que já contraíram os vírus, porque ao tomarem a vacina estimulam o sistema de defesa do organismo para eliminar o vírus após uma nova contaminação e protege contra uma nova infecção.

DC — Por que vacinar meninas de 11 a 13 anos?
Fedrizzi — O ideal é que a vacina seja aplicada antes do início da vida sexual. Como a aplicação será em rede nacional, temos dados que no Sul do país meninas começam a vida sexual depois dos 12 anos, mas no Norte e Nordeste entre os 10 anos, então foi estipulado esta idade a partir dos 11 anos.

DC — Alguns médicos e inclusive uma das instituições que se posicionaram contra a estratégia foi a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, que divulgou carta questionando a segurança e a eficácia do procedimento. No texto, afirma que a vacina “expõe adolescentes a risco de supermedicação desnecessária” o que o senhor tem a dizer a respeito?
Fedrizzi — Todas as vacinas alopáticas têm linhas a favor e contra. Alguns movimentos antivacinas têm considerações vagas e fazem um desserviço à saúde pública que acabam provocando surtos de doenças já controlados com vacinas. A vacina contra a HPV está na rede pública de 53 países e em 126 já é liberada. É extremamente segura, se não fosse não estaria no mercado.

DC — No Japão após a aplicação da vacina houve relatos de dor em algumas mulheres. A aplicação da vacina pode trazer efeitos colaterais ou contraindicações?
Fedrizzi — No Japão, o Governo suspendeu a campanha para investigar melhor o sistema de vacinação, mas a vacina contra o HPV continua sendo distribuída. Para que uma medicação possa ser autorizada é preciso demonstrar sua segurança comprovada por estudos e testes reais. Quando se faz a utilização em número maior de pessoas podem aparecer problemas que podem ou não ser relacionados. A vacina do HPV não tem efeitos colaterais associados ao uso. As contraindicações são as para todas as vacinas como dor, febre e quadros alérgicos a algum componente do medicamento.

DC — Como é realizado o procedimento e quais as recomendações após a vacinação?
Fedrizzi — A vacina pode ser aplicada tanto no braço quanto na coxa, com injeção. Os pais não precisam levar até o posto porque equipes da saúde estarão nas escolas públicas e particulares para a vacinação. Nos postos a vacina também estará disponível. A recomendação é que a menina fique em observação durante 10 a 15 minutos logo após a aplicação. Nesta idade é comum ocorrer um mal-estar ou até mesmo um desmaio, mas relacionado a aplicação em si, não à vacina. Em caso de reação alérgica, como falta de ar ou coceiras pelo corpo, não deve ser tomada a segunda dose da vacina. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção, sendo a segunda seis meses depois da primeira, e a terceira, cinco anos após a primeira dose.

DC — Quem tomar a vacina não precisará fazer o exame preventivo com o ginecologista?
Fedrizzi — A vacina protege contra quatro tipos de vírus, então é importante continuar fazendo os exames periódicos, mas com uma proteção muito maior contra as doenças.
DC — A vacina é segura?
Fedrizzi — É extremamente segura. Está há 12 anos sendo acompanhada. Na Austrália, com três anos de uso já foi comprovada uma redução de 45% das lesões cancerosas e, em cinco anos, reduziu em 93% as verrugas genitais, além de proteger também os homens em 80%, em relação às verrugas genitais masculinas. Em SC, fizemos parte do grupo de pesquisa em 30 países que testou a eficácia da vacina.

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