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Vacinas e alergia à proteína do ovo: Mitos e verdades

A prevalência da alergia alimentar (AA) aumentou de maneira espantosa nos últimos 30 anos e vem provocando impactos significativos na qualidade de vida da população.

O ovo de galinha é o segundo maior responsável pelas alergias alimentares, afetando de 0,5 à 2,5% das crianças. Grande parte delas  pode se tornar tolerante a ele antes dos 10 anos de idade, iniciando logo quando o alimento é introduzido na dieta. Porém, em alguns casos, esse problema pode persistir até a fase adulta.

A alergia pode variar na apresentação clínica, com pessoas reativas a qualquer tipo de consumo de ovo, ou na reação, que pode ser anafilática ou não. O início geralmente é inesperado, com envolvimento mínimo de dois sistemas e acontece entre os primeiros minutos até horas após a exposição ao agente.

As reações imunológicas induzidas pela proteína do ovo são mediadas pela imunoglobulina E (IgE) (tipo I de Gell e Coombs), mistas ou não mediadas pela IgE. O ovo contém proteínas que podem induzir a formação de IgE em pessoas geneticamente predispostas.

Entre elas, podemos listar a ovoalbumina, ovomucoide, lisozima e conalbumina. Concentrações aumentadas de IgE específica (sIgE) para ovomucoide indicam persistência da alergia ao ovo. A maioria dessas proteínas encontra-se na clara, sendo a ovoalbumina a mais abundante e termolábil, enquanto a ovomucoide é termostável.

Alergia às vacinas

Apesar de muitas especulações, a taxa de reações alérgicas graves às vacinas em geral é muito baixa. Eles normalmente ocorrem como resposta aos componentes proteicos usados na fabricação da vacina, como ovo, gelatina, levedura ou látex.

No caso do ovo, é importante lembrar que as concentrações de proteína do ovo de galinha são diferentes entre as vacinas. A legislação da União Europeia permite uma concentração máxima de 2 μg/ml, que é considerada segura em pacientes com anafilaxia prévia ao ovo.

As concentrações desta proteína são maiores nas vacinas feitas com ovos embrionados de galinha (influenza, febre amarela) e menores nas que usam fibroblastos do embrião da galinha (sarampo-caxumba-rubéola/tríplice viral, raiva). A vacina tríplice viral, por exemplo, apresenta concentrações desprezíveis desta proteína, sendo assim insuficiente para causar uma reação aos pacientes alérgicos.

As concentrações de proteínas de ovo na vacina influenza são inferiores a 1,2 μg/ml.(11) Por isso, a recomendação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) é que, os pacientes com anafilaxia ao ovo, recebam esta vacina e fiquem em observação de 30 à 60 minutos.

Em relação à vacina da febre amarela (FA), as concentrações da proteína do ovo podem ser maiores que as da recomendação. Existem 2 vacinas disponíveis atualmente: uma delas é produzida pelo laboratório nacional Bio-Manguinhos/Fiocruz e outra pelo laboratório francês Sanofi-Pasteur.

A quantidade de ovoalbumina pode variar entre 2,43 e 4,42 μg/ml de acordo com o lote. A vacina fabricada pela Bio-manguinhos é distribuída em frascos multidoses, que contém, além da proteína do ovo, gelatina bovina, eritromicina e canamicina, substâncias que também podem desencadear reações alérgicas.

Vale lembrar que as vacinas não são aquecidas em momento algum, por isso as proteínas do ovo que são termolábeis permanecem intactas. Desta forma, pacientes com histórico de reações à ingestão de ovo cru ou mal cozido, devem ser investigados por especialista.

Alergia ao ovo

Antes de dar um diagnóstico sobre alergia alimentar, deve-se fazer um histórico detalhado, com exame físico do paciente e depois incluir testes complementares. Pacientes com suspeita ou com alergia comprovada ao ovo devem ser encaminhados ao alergista para que seja feita uma investigação.

Conclusão: em virtude do grande beneficio de se vacinar crianças ou pessoas alérgicas a ovo e as baixas concentrações destes derivados em vacinas, recomenda-se vacinar e manter o paciente em observação 30 min após a vacinação.

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