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Vírus da poliomielite no Brasil

Autoridades de vigilância encontraram no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas-SP, a circulação do poliovírus selvagem tipo 1, um dos sorotipos que causam a poliomielite (pólio). O vírus foi encontrado em amostras coletadas em março deste ano. A informação foi divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) segunda-feira, 23.

A poliomielite é uma doença causada por um vírus de gravidade variável, frequentemente é caracterizada por febre, mal-estar, cefaleia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, acompanhados ou não de paralisia. E pode ser transmitido por meio de contato direto de pessoa a pessoa, muco, catarro ou fezes infectadas. “Ele é eliminado pelas fezes das pessoas e vive no meio ambiente, esgotos e na água”, descreve o infectologista João Alves.

Para o infectologista, a forma mais eficaz de prevenção da doença continua sendo a vacinação. “Com a vacina contendo o vírus em gotinha sabin (vírus atenuado) a pessoa toma literalmente o vírus enfraquecido, então esse vírus vacinal vai para o ambiente e toma o lugar do vírus selvagem, assim é substituído pelo vírus vacinal”, explica.

Mas adverte que se o vírus é reintroduzido no ambiente de forma selvagem a pessoa que não tomar a vacina pode contrair a doença. “Esse risco existe, é um motivo para que os pais verifiquem se vacinas estão em dia e complementem as doses”, alerta. Alves pontua sobre a importância das pessoas reforçarem os hábitos de higiene, “lavar bem os alimentos e as mãos” são medidas que ajudam no combate à transmissão do vírus.

Alves esclarece que nem toda pessoa que adquire a doença a desenvolverá, “o problema é que quando ela desenvolve deixa muitas sequelas”, menciona o caso do ex-presidente americano Roosevelt que desenvolveu a poliomielite na fase adulta, aos 39 anos. “Se a pessoa nunca tomou a vacina, ela deve se vacinar principalmente agora com a circulação do vírus selvagem na comunidade”, aconselha.

A pólio foi considerada uma doença epidêmica no final do século XIX, mas depois do desenvolvimento de vacinas eficazes na década de 1960 e de inúmeros esforços para aumentar a cobertura vacinal no mundo, vários países conseguiram erradicar a doença e foram decretados livres de poliomielite pela OMS. Apesar de todas as ações para erradicar a doença, algumas regiões ainda demonstram a circulação do vírus, como Paquistão, Afeganistão e Nigéria, chegando a 417 casos em 2013 e 79 até abril de 2014, segundo a OMS.

Prevenção

Apesar de ser considerada uma doença altamente contagiosa, que afeta principalmente crianças com menos de cinco anos, o último caso de poliomielite registrado no Brasil foi em 1989. Para a diretora de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, o alerta principal é para se evitar que doenças que já foram erradicadas ressurjam, ou doenças que nunca foram registradas sejam inseridas no País. “A possibilidade de reintrodução do vírus (pólio) é real, caso não tomemos as precauções necessárias, sendo um deles a vacinação das crianças menores de cinco anos atingindo uma cobertura vacinal pelos menos de 95%”, avalia.

Flúvia não descarta a possiblidade de o vírus ter vindo de fora do País. “Provavelmente pode ter sido trazido por algum turista”, comenta. Porém de acordo com ela, desde 2009, quando houve a pandemia do vírus H1N1 foi criado uma estratégia de resposta rápida, frente a casos suspeitos de doenças infecciosas, no aeroporto de Goiânia.

“Caso um passageiro passe mal, o comando do aeroporto comunica a Infraero que entra em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do aeroporto e imediatamente nós temos uma equipe do Samu que busca esse paciente direto no aeroporto para evitar que ele tenha contato com outras pessoas”, descreve o procedimento a ser realizado.

Apesar do cuidado que se deve ter para evitar a reintrodução da poliomielite no Brasil, Flúvia assegura não ser esse o maior motivo de preocupação no momento. “A chance de reintrodução é muito pequena, justamente pela eficiente cobertura de imunização”, aponta.

Alerta

Flúvia Amorim observa que existem outras doenças como a chikungunya (vírus transmitido por dois mosquitos: o Aedes aegypt – transmissor da dengue– e o Aedes albopictus, espécie existente no Brasi) que podem ser introduzida no Brasil. “Estamos tendo um surto de grande proporção no Caribe e porque o transmissor é o mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue”, afirma. Ela ainda observa que em Campinas-SP, já houveram dez casos de soldados que contraíram a doença no Haiti.

Amorim alerta os médicos, principalmente, da rede privada, que ao atender um paciente com suspeita de doenças infecciosas e que se deslocaram para outros países da América Central, que comunique a vigilância epidemiológica imediatamente.

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