Após alguns meses de discussão, o Ministério da Saúde seguindo uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), decidiu fracionar a vacina de Febre Amarela para atender a população de 76 cidades de 3 estados (Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia).
Essa estratégia emergencial do fracionamento funciona da seguinte forma: a dose de 0,5 ml é dividida em cinco partes e aplicada em quatro pessoas, restando 0,1 ml por segurança. Essa medida foi endossada pela OMS em 2016, após a publicação do estudo 17DD yellow fever vaccine: A double blind, randomized clinical trial of immunogenicity and safety on a dose-response study[1], produzido pela mesma equipe de Bio-Manguinhos, em 2013.
O governo brasileiro (baseado no estudo do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz), acredita que este tipo de vacinação fracionada garante a cobertura imunológica por pelo menos oito anos. Porém, manterá a vacinação de Febre Amarela em dose completa para viajantes.
Alguns especialistas afirmam que essa medida não será definitiva. “É importante destacar que o país não vai adotar a vacinação fracionada como rotina”, explica a pediatra Dra. Isabella Ballalai, presidente da SBIm.
A Dra. ainda esclarece: “Para nós, estava claro que os casos iam diminuir, mas não iam acabar, embora o Ministério da Saúde tenha anunciado o fim do surto meses atrás. Mas precisamos vacinar uma população urbana de quase 20 milhões de pessoas no curtíssimo prazo, porque são regiões de grande presença do Aedes aegypti, e essas regiões são áreas de risco para a volta da febre amarela urbana, da qual estamos livres desde 1942. Este é o surto mais importante que tivemos desde os anos 40 e as medidas emergenciais se fazem necessárias”, afirma.
Para as pessoas que receberem a dose fracionada da vacina da Febre Amarela, a OMS recomenda um acompanhamento rigoroso. Isso para avaliar os efeitos colaterais e também a resposta imunológica. As pessoas que receberem a dose serão registradas em um banco de dados para acompanhamento (feito através de uma etiqueta colada na carteira de vacinação).
Segunda a Dra. Isabella Ballalai, os dados coletados nessa estratégia são importantíssimos, afinal o mundo convive com a falta crônica de vacinas contra a febre amarela. De acordo com a OMS, essas vacinas são produzidas em pequena escala nos EUA, fabricadas apenas pela Sanofi-Pasteur e por Bio-Manguinhos no Brasil. “A amostragem desse novo estudo não é fantástica, mas não é desprezível,” afirma, destacando que como maior produtor da vacina, o Brasil tem grandes responsabilidades.
Ballalai explica que só recentemente a questão da resposta imune produzida pela dose integral passou a ser debatida por grupos técnicos. Nessas discussões, surge a forte suspeita de que a quantidade de antígenos produzida com a dose integral é muito maior que a necessária para assegurar a resposta imunológica apropriada. Além disso, existe uma determinação de que uma única dose integral imuniza a pessoa pela vida toda, sem a necessidade de reforço a cada dez.
Entre fevereiro e março de 2018, as 76 cidades irão realizar a campanha de vacinação da Febre Amarela com doses fracionadas. Ao todo, 19,7 milhões de pessoas devem ser vacinadas, sendo que 15 milhões com a dose fracionada e outras 4,7 milhões com a dose padrão. As vacinas fracionadas serão aplicadas no período de 15 dias, já a dose integral continuará sendo usada nas demais regiões do País.
Durante este mês (janeiro), os profissionais de saúde desses estados e cidades serão treinados e a logística será adequada para a realização do fracionamento.
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